Consumo consciente, valorização da produção local e humanização do negócio atraem cada vez mais os consumidores e os empreendedores do ramo da moda. O slow fashion é um conceito que foi criado em oposição ao fast fashion, larga escala de produção adotada por grandes lojas. Com grande adesão dessa filosofia, as marcas estão investindo nessa linha, e o retorno é positivo.
O movimento ainda não é dominante, mas, segundo Márcia Bittencourt, professora da Escola de Arte e Moda da Bahia, é uma tendência muito forte que está acontecendo na moda. “Muitas marcas não lançam uma coleção, e não ficam presas à moda e estações, vão lançando produtos em ritmos muito mais lentos, prezando pela customização e personalização do produto”, comenta a professora.
Outra tendência que conversa muito com o slow fashion é o handmade. O significado é “feito à mão”, mas vai muito além disso. Trabalhar com handmade faz com que os produtos sejam mais exclusivos, porque a produção é bem menor e mais lenta, e peças feitas a partir de um olhar mais cuidadoso de um artesão ou costureiro, por exemplo.
Mercado de Salvador
Lançada há exatamente um mês, a loja online Amará segue essa linha. Com o lema “roupas feitas com calma e alma”, a designer Jéssica Ribeiro teve a ideia a partir de uma necessidade sua e por acreditar na importância do conceito.
“Sempre tive dificuldade no mercado de Salvador de encontrar peças atemporais, clássicas, com um bom corte e caimento, e que não precisasse pagar preços absurdos pelo produto”, conta. Ela diz que sempre que ia aos shoppings, as opções que tinha era pagar preços altíssimos ou ir em loja fast fashion, onde não sentia o cuidado que procurava nas peças.
“Eu trago todo esse carinho e cuidado que eu não tinha para a consumidora Amará, aliando peças atemporais e que ela consiga usar sempre. O que faz a minha roupa são os acessórios”, relata. Apenas seis modelos lançados e com média de preço de R$ 145, ela garante que um dos pilares do seu negócio é o preço justo.
“Optei pela loja virtual, que não exige que eu tenha um custo elevado com despesas como aluguel, então eu repasso isso para minha cliente e pago muito bem a minha costureira, tenho uma margem boa de lucro, então não tem sentido cobrar preços absurdos. A minha marca é muito transparente também em relação a isso”, explica a designer.
Cândida Specht, criadora da marca homônima, faz bolsas, mochilas, malas e outros acessórios e conta que há 15 anos começou a costurar observando a avó e teve um processo muito natural de criação até o que ela é hoje. Atua com três colaboradores para a costura que prestam o serviço, mas ela acompanha todos os processos, desenha o modelo, corta o tecido, vende.
Com tiragem pequena, produz de 80 a 100 por mês, porque a variedade é grande, mas os produtos não costumam ser repetidos, o que gera a exclusividade das peças adquiridas por seus consumidores.
Empolgada, Jéssica conta que o primeiro mês já superou o triplo da sua expectativa. “Fiquei muito feliz pela adesão das clientes ao conceito. Fiz muita pesquisa de mercado, sentia que as soteropolitanas precisavam disso, mas ainda tinha um receio porque a cidade é muito colorida, gostam de estampa, mas deu muito certo”, observa.
Aproximar cliente
Para a Márcia, o consumidor quer ser tratado de forma diferente hoje, e as marcas, mais que vender, precisam tocar, emocionar, se relacionar de outra maneira. Até as grandes lojas estão apostando nisso e tentando se aproximar mais do cliente.
No mercado já há muito tempo, Cândida percebe que já pode inspirar muitas pessoas a criar seus negócios nesse segmento, fazendo perceber que é possível apostar naquilo que acredita, pois a marca surgiu de uma ideologia sua.
“Tem muito a ver com a minha formação enquanto pessoa, de querer e conseguir produzir um produto que passe uma mensagem”, conta.
Jéssica se inspirou na palavra amor para criar a marca Amará. Ela conta que ela vinha na sua cabeça e um começou a conjugar o verbo amar e chegou ao nome forte que tanto procurava.
Fonte: www.atarde.uol.com.br
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