Transparência e ética na cadeia de produção não são regras no mundo da moda. Das 119 empresas monitoradas pelo aplicativo Moda Livre, ferramenta da Repórter Brasil que mostra o comprometimento das marcas no combate à exploração de mão-de-obra, apenas 22 são sinalizadas como tendo mecanismos adequados.
Se por um lado, algumas lojas perpetuam um trabalho precarizado na indústria têxtil, outras fazem desse cenário um motor para pensar suas propostas. Na busca por transparência da produção, sete marcas comercializadas na cidade investem em nomear costureiros, modelistas e outros funcionários responsáveis pela produção na própria etiqueta de seus produtos.
Na Casa Jardim Secreto e na D.A.M.N Project, conhecidas por reunirem etiquetas de proposta sustentável, cinco assumiram esse compromisso. A coleção Wasteless #01, parceria entre a Tanden e a D.A.M.N, apresenta fotos Polaroid nas peças. O investimento não é baixo, mas para Camilla Marinho, uma das donas do espaço, se trata de agregar valor ao produto.
“A peça acaba vindo mais cara, mas é justamente nessa questão que temos que reeducar o consumidor. Não há a necessidade de se ter 1000 modelos, basta um atemporal”, explica. Mudha, Jezebel, Project Tres e Gávea são outras empresas com método similar.
A iniciativa faz parte de um movimento maior de conscientização. Uma dos maiores representantes dessa mudança de comportamento é a Fashion Revolution, organização londrina criada em 2013 após o desabamento do Rana Plaza, prédio em Bangladesh que concentrava fábricas de grandes marcas têxteis que deixou mais de 1 000 mortos.
Fernanda Simon, coordenadora do braço brasileiro da ONG, percebeu o surgimento exponencial de empresas que se preocupam com o impacto social e ambiental e muitas já existentes se movimentando para se tornarem mais limpas. A partir do mote “quem fez minhas roupas?”, Simon explica que além de incentivar empresas e consumidores a olhar para os processos de produção, também se celebram os agentes por trás das peças. “Eles se sentem valorizados, reconhecidos.”
Além das marcas vendidas em hubs de moda sustentável, grifes com lojas próprias na capital também investem na iniciativa. A Três, queridinha carioca que chegou a São Paulo em novembro do ano passado, tem fabricação própria desde sua criação. Em agosto de 2017, passou a produzir as etiquetas com o rosto e nome do responsável.
A Lush, rede inglesa de cosméticos, é a pioneira no assunto. Há mais de vinte anos, as embalagens levam uma etiqueta estampada com um avatar, nome de quem fez o produto e data exata da produção.
Fonte: www.vejasp.abril.com.br
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